Superconsciente
O superconsciente é a zona do espírito, a zona das “experiências em formação, novas, incertas, instáveis, mas audazes, elevadas, complexas, desenvolvidas, representando [...] o novo patrimônio em vias de aquisição” (UBALDI, ANCTM, p. 376), representando o futuro, a continuidade da evolução daquilo que já foi conseguido, alcançado.
Além da zona lúcida do consciente e da zona obscura do subconsciente está o superconsciente, onde tudo são expectativas e onde o eu se prepara para o amanhã: “fase possuída apenas como pressentimento e contida, em germe, nas causas que atuam no presente, de que ele representa o desenvolvimento” (UBALDI, AGS, p. 310).
É nesta zona que os gênios buscam a inspiração, onde ocorre o pressentimento das verdades sublimes, como em lampejos de jatos luminosos. Uma zona que, considerada em relação com a consciência de superfície, “se estende em profundidade, nas zonas interiores, avança para Deus e tende para a unificação com o todo, a que se chega pois, por introspecção” (UBALDI, AM, p. 100).
Deste ponto de vista, o eu evolui para o interior, afastando-se do subconsciente e em direção ao superconsciente, cada um feito de valores distintos: “o primeiro é um resíduo, o segundo, uma conquista; o primeiro é uma zona inferior, de que nos distanciamos, e uma escória que abandonamos; o segundo é uma zona superior, de que nos aproximamos” (UBALDI, AM, p. 100). No superconsciente não estão os conteúdos remanescentes da vida, mas o seu futuro.
A passagem do subconsciente ao superconsciente é uma expansão para o interior, se assim podemos expressar-nos, uma expansão em profundidade, em que o ser, aprofundando-se para o centro, se eleva aos planos mais altos que lhe são a aproximação. Nesse caminho, o eu é como um núcleo que se enriquece, dilatando por estratificações suas potencialidades, através das experiências da vida, que são exatamente o agente revelador daquele mistério íntimo em cuja profundeza está Deus (manifestação). Assim, esse mistério é continuamente exteriorizado naquele plano de consciência lúcida que, como se vê, e uma consciência de trabalho e de transição, em marcha do subconsciente ao superconsciente, cuja posição é portanto relativa, assaz diversa de indivíduo para indivíduo, segundo sua história e sua maturidade evolutiva (UBALDI, AM, p. 102).
Por um lado, o subconsciente se dirige para o exterior da superfície e, por outro, em direção oposta, caminha o superconsciente. Não apenas em direção oposta mas também de vibração bem diversa o que, por isso, explica a luta que se estabelece no interior de cada indivíduo, luta entre diferentes impulsos.
São por demais conhecidas essas tempestades íntimas. Porém, especialmente no evoluído, de superconsciente mais desenvolvido, se desencadeia com mais violência a guerra entre o superconsciente e o subconsciente, entre o passado e o futuro e ao contrário, entre espírito e matéria; entre os dois extremos da evolução que se batem pela posse da consciência, como campo de realizações (UBALDI, ANCTM, p. 384).
Pietro Ubaldi → A psicanálise evolucionista e espiritualista de Pietro Ubaldi → Superconsciente