Filosofia Medieval

 

Patrística

 

A fé em busca de argumentos racionais

a partir de uma matriz platônica

            Desde que surgiu o cristianismo, tornou-se necessário explicar seus ensinamentos às autoridades romanas e ao povo em geral. Mesmo com o estabelecimento e a consolidação da doutrina cristã, a Igreja católica sabia que esses preceitos não podiam simplesmente ser impostos pela força. Eles tinham de ser apresentados de maneira convincente, mediante um trabalho de conquista espiritual.

            Foi assim que os primeiros Padres da Igreja se empenharam na elaboração de inúmeros textos sobre a fé e a revelação cristãs. O conjunto desses textos ficou conhecido como patrística por terem sido escritos pelos grandes Padres da Igreja.

            Uma das principais correntes da filosofia patrística, inspirada na filosofia greco-romana, tentou munir a fé de argumentos racionais. Esse projeto de conciliação entre o cristianismo e o pensamento pagão teve como principal expoente Santo Agostinho e se estendeu desde o século II até o século IX. “Compreender para crer, crer para compreender” foi um dos pressupostos fundamentais a partir do qual Agostinho procurou conciliar fé e razão.

 

Escolástica

 

Os caminhos de inspiração aristotélica

levam até Deus

 

            Esse período da filosofia cristã é designado por escolástica devido a grande produção que se dá com a criação das universidades no século XI. Mas esse processo tem origem bem antes, no século VIII, quando Carlos Magno resolveu organizar o ensino por todo o seu império e fundar escolas ligadas às instituições católicas. A cultura greco-romana, guardada nos mosteiros até então, voltou a ser divulgada, passando a ter uma influência mais marcante nas reflexões da época. Era a renascença carolíngia.

            Tendo a educação romana como modelo, começaram a ser ensinadas as seguintes matérias: gramática, retórica e dialética (o trivium) e geometria, aritmética, astronomia e música (o quadrivium). Todas elas estavam, no entanto, submetidas à teologia.

            A partir do século XIII o aristotelismo penetrou de forma profunda no pensamento escolástico marcando-o definitivamente. Isso se deveu à descoberta de muitas obras de Aristóteles e à tradução para o latim de algumas delas, diretamente do grego.

            A busca da harmonização entre a fé cristã e a razão manteve-se, no entanto, como problema básico de especulação filosófica. Nesse sentido, o período escolástico pode ser dividido em três fases:

  • Primeira fase: (do século IX ao fim do século XII): caracterizada pela confiança na perfeita harmonia entre fé e razão.
  • Segunda fase: (do século XIII ao princípio do século XIV): caracterizada pela elaboração de grandes sistemas filosóficos, merecendo destaques nas obras de Tomás de Aquino. Nesta fase, considera-se que a harmonização entre fé e razão pôde ser parcialmente obtida.
  • Terceira fase: (do século XIV até o século XVI): decadência da escolástica, caracterizada pela afirmação das diferenças fundamentais entre fé e razão.

 

            Serão considerado aqui principalmente as ideias de Santo Agostinho do período da patrística e São Tomás de Aquino do período da escolástica. Dentre as obras de Santo Agostinho merecem destaque suas obras de conteúdo ético e político como: As Confissões e Cidade de Deus. No que concerne à São Tomás de Aquino, sua obra Suma Teológica é um amplo tratado que versa sobre as mais diferentes questões, incluindo questões de ordem moral e social.