Antropologia Social
Com o desenvolvimento da teoria evolucionista de Darwin surgiu a concepção de “sociedade primitiva”, ou seja, acreditava-se que as sociedades evoluíam de formas mais simples de organização para formas cada vez mais complexas. Enquanto à Sociologia cabia o estudo das sociedades industriais e complexas, à Antropologia social cabia descrever essas “sociedades primitivas”.
Vejamos algumas de suas escolas como a Escola Funcionalista e a Estruturalista.
A Escola Funcionalista
Surgida no início do século XX, o funcionalismo mudou a direção do pensamento antropológico, antes orientado pelo evolucionismo. As sociedades primitivas não deveriam ser explicadas pelo “atraso” em relação a uma suposta evolução das sociedades em geral e sim, pela função que elas desempenhassem do ponto de vista da sociedade global. Cada sociedade deve ser analisada em si mesma, como um todo integrado de relação e costumes. A Escola Funcionalista enfatiza as relações e o ajustamento entre os diversos componentes de uma cultura ou sociedade. Toda atividade social e cultural é funcional ou desempenha funções.
Propondo o método da observação participante, em que o cientista deveria deixar o seu gabinete para conviver com os povos aos quais pretendia estudar, Malinowski (1884-1942) foi quem primeiro sistematizou e aplicou tal método vivendo entre 1914 e 1918 com os nativos das ilhas Trobriand, próximo à Nova Guiné.
Disponível em: Etnografando.
Acesso em 28/08/2018.
Radcliffe-Brown (1881-1955), adaptando as teorias de Durkheim ao estudo das “sociedades primitivas”, deu importantes contribuições ao funcionalismo.
Malinowski e Radcliffe-Brown concordavam num ponto: a grande lei sociológica universalista aplicável era a de que toda e qualquer sociedade constitui um todo integrado de aspectos que respondem a problemas de sobrevivência enfrentados por todos os homens em todos os lugares (COSTA, 1987, p. 94).
Para os funcionalistas, os povos asiáticos e africanos não eram “primitivos”, mas diferentes da sociedade européia e sua compreensão, seu estudo, exigia observação participante.
O Estruturalismo
Uma nova abordagem antropológica foi dada pelo antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009) com o surgimento da escola estruturalista. Para Lévi-Strauss, a estrutura no qual está organizada uma sociedade é uma construção teórica que procura adequar a realidade observada, mas não é empiricamente observável. O Estruturalismo explica a realidade, em todos os seus níveis, a partir da noção de estrutura. Todo sistema é um conjunto de estruturas onde o todo e as partes são interdependentes de tal forma que as modificações que ocorrem num dos elementos constituintes implica a modificação de cada um dos outros e do próprio conjunto. A estrutura é o esqueleto, integrando as diversas relações sociais e estabelecendo suas conexões.
A estrutura deve ser construída pelo cientista a partir das relações sociais observadas e deve constituir um modelo capaz de explicar todos os fatos observados. Toda sociedade possui uma estrutura cuja complexidade depende de sua própria situação ou contingência, de tempo e espaço social em que se encontra. Sua complexidade se explica apenas em função desses aspectos. Ao cientista cabe percebê-la, através dos elementos observáveis, e construí-la teoricamente (COSTA, 1987, p. 99-100).
Para Lévi-Strauss o modelo estruturalista deve se apresentar como sistema, onde cada parte sofre alteração por parte da modificação de outros elementos. O conjunto dessas transformações deve constituir um grupo de modelos. Deve-se prever de que modo reagirá o modelo, em caso de mudança.
Os estruturalistas criticam os funcionalista, por seu demasiado apego ao imediatamente observável, e aos evolucionistas, por sua divisão entre superiores e inferiores. A estrutura de uma sociedade se assemelha aos elementos não visíveis de sustentação de um edifício e são essas estruturas que determinam em grande parte as relações sociais da comunidade.
Antropologia e Lingüística
Para Lévi-Strauss, através da linguagem, é possível conhecer a estrutura social (que é um modelo inconsciente) subjacente a cada grupo, uma estrutura elementar (inconsciente) através da qual são estabelecidas, por exemplo, as regras das relações sociais. Exemplo: a proibição do incesto.
Uma nova relação entre Sociologia e Antropologia
O limite demarcatório entre a Sociologia e a Antropologia diminuiu cada vez mais, à medida que passaram a coexistir grandes concentrações urbanas e industriais com um mundo ainda apegado às práticas agrícolas e artesanais, à economia de subsistência, entre outros. Questões como a do negro norte-americano ou das comunidades indígenas brasileiras não são possíveis de serem compreendidas sem levar em conta as políticas estabelecidas no âmbito de suas respectivas nações. “Podemos dizer, grosso modo, que o sociólogo não pode mais se deter diante das minorias e o antropólogo não pode mais desconhecer as políticas nacionais e internacionais que afetam de maneira decisiva os grupos étnicos e raciais (COSTA, 1987, p. 105)”.
Referências
COSTA, Maria Cristina Castilho. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. São Paulo: Moderna, 1987.
Espiritualidade e Política → Espiritualidade e Ciência → Antropologia → Antropologia Social