Especialistas propõem novas metodologias para prevenir drogas entre jovens

Especialistas defenderam novas metodologias de comunicação para prevenir o uso de drogas entre crianças e adolescentes. O tema foi debatido em audiência pública da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, que reuniu representantes de órgãos públicos, de entidades civis e da Organização das Nações Unidas (ONU) envolvidos na prevenção e combate às drogas.

Os convidados partiram de uma constatação: o aumento de 7% para 9% no índice de estudantes que já usaram drogas ilícitas, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (Pense), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 2015 e 2016.

Representantes dos ministérios da Educação e da Saúde afirmaram que fatores psicológicos e o ambiente familiar são determinantes nesse quadro. Na maioria das vezes, o uso das drogas ilícitas começa com o consumo das lícitas, como álcool e cigarro.

Para enfrentar essa situação, a coordenadora-geral da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas, Ana Ferraz, defendeu ações conjuntas de prevenção, envolvendo, por exemplo, cultura, educação, segurança pública e saúde. "A proposta é trabalharmos com o foco nas pessoas, fortalecendo as habilidades de vida, o autoconhecimento, os vínculos familiares, os vínculos institucionais, as relações de confiança e as relações de grupo em que as crianças possam tomar decisões e ter reflexões críticas sobre os seus comportamentos. Mais do que ficarmos falando sobre as drogas em si, nós temos que falar sobre o fortalecimento das pessoas", afirmou.

Por recomendação do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc), o governo brasileiro adota três programas de prevenção nesta linha citada por Ana Ferraz: "Elos", "Tamo Junto" e "Famílias Fortes".

Nova abordagem
Já o presidente da organização não governamental About Face, Guilherme Santos, conduz o projeto "Tô Ligado", no qual uma equipe multidisciplinar usa uma central de comunicação e produção de conteúdo para se comunicar diretamente com professores, pais e alunos.

"A gente tem que melhorar isso com esse formato e arcabouço tecnológico e mediático que se tem hoje no mercado. É preciso novos modelos e formatos de comunicação de como chegar junto a esses meninos, porque discurso de 'tiozinho' falando sobre droga, fazendo panfletinho e uma cartilhazinha cheia de texto, o menino nem quer ver isso: entra em um ouvido e sai no outro. Quem não sabe o que é storytelling, gamificação e transmídia tem que saber, porque esse é o modelo de base de comunicação hoje", afirmou Guilherme Santos.

Delegado aposentado da Polícia Federal, o presidente da International Police Association (Associação Internacional de Polícia), Joel Mazo, lembrou que o mundo das drogas funciona como uma grande empresa multinacional. Para ele, a prevenção eficaz virá da educação, por sua relação direta com o processo de formação das crianças. Depois, segundo Mazo, deve-se investir na contenção das drogas, a fim de frear a demanda.

De forma geral, os convidados da audiência pública concordaram que as estratégias baseadas em repressão ao usuário não funcionam.

Políticas públicas
O deputado Dr. Jorge Silva (PHS-ES) criticou a falta de continuidade das políticas públicas antidrogas diante das mudanças de gestão no governo federal. "Essa descontinuidade dificulta as ações de construção de políticas públicas. Acho que é um novo momento de a gente retomar esse assunto. Esta Casa é o local certo. Não sei se existe outro espaço que tenha a oportunidade de reunir pessoas de setores diferentes para fazermos essa aproximação e construir soluções que são complexas", disse o parlamentar.

 

via Agência Câmara de Notícias

 

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