Um estudo do estado da arte
Ao realizar uma pesquisa aprofundada sobre um determinado tema, mapeando e analisando a produção científica existente naquele campo de conhecimento, podemos dizer que estamos realizando um estudo do estado da arte (ou “estado do conhecimento”). É como mapear o que já foi publicado e debatido sobre o assunto até o momento, através de uma revisão bibliográfica, levantando informações através de trabalhos acadêmicos como dissertações de mestrado, teses de doutorado, artigos científicos, etc.
Um estudo do “estado da arte” utiliza como procedimento a pesquisa bibliográfica (revisão de literatura) e pode também ser definido, em sua metodologia, quanto aos objetivos, como uma pesquisa descritiva. Sobre a pesquisa descritiva, Ferreira (2022, p. 258) destaca que o estudo do estado da arte segue: “uma metodologia de caráter inventariante e descritivo da produção acadêmica e científica sobre o tema que busca investigar, à luz de categorias e facetas que se caracterizam enquanto tais em cada trabalho e no conjunto deles, sob os quais o fenômeno passa a ser analisado”.
O principal objetivo de um estudo do estado da arte é, portanto, identificar o que já se sabe sobre o tema, apresentando um panorama completo do conhecimento produzido sobre o tema, revelando as principais teorias, conceitos, metodologias e abordagens utilizadas. Esta identificação permite direcionar o pesquisador, ajudando-o a se situar no campo de pesquisa, escolhendo seus descritores (palavras-chave), identificando fontes confiáveis e delimitando o problema de sua própria pesquisa.
O estudo do estado da arte pode, desta forma, fornecer a base para justificar a relevância e originalidade de um novo trabalho de pesquisa, ajudando a identificar áreas que ainda não foram suficientemente pesquisadas ou que demandam maior aprofundamento.
Desta forma, um estudo do estado da arte é uma etapa importante na pesquisa acadêmica, pois permite ao pesquisador explorar o conhecimento já produzido, identificar o que ainda precisa ser investigado e construir sua própria contribuição de forma fundamentada e original.
Para realizar um estudo do estado da arte deve-se seguir os seguintes passos: 1) definição do tema e recorte temporal (período de tempo das publicações que serão analisadas, por exemplo, dos últimos 5 anos); 2) definição de descritores, ou seja, as palavras-chave, que são os termos relevantes que serão usados nas buscas em bases de dados; 3) realizar uma busca sistemática em bases de dados que sirvam como fontes acadêmicas confiáveis, como periódicos específicos da área, bancos de teses e dissertações, Scielo, etc.; 4) seleção e categorização dos trabalhos, ou seja, aplicar critérios de inclusão e exclusão para selecionar os estudos mais relevantes e, em seguida, agrupá-los por temáticas, abordagens metodológicas, resultados encontrados, etc.; 5) análise e síntese dos dados, ou seja, analisar o conteúdo dos trabalhos selecionados para identificar tendências, consensos, divergências, lacunas e contribuições; 6) e finalmente, a redação do estudo, que é a parte onde se apresenta os resultados de forma clara e organizada, destacando o panorama geral do campo, as principais discussões e as lacunas identificadas.
Exemplos de estudo do Estado da Arte
1) DOYLE, Andrea. Competência crítica em informação como prática de ensino: panorama de pesquisas a partir de trabalhos presentes na BRAPCI e na BDTD. Rev. Ci. Inf., Maceió, v. 8, n. 3, p. 65-80, set./dez. 2021.
Sobre competência crítica em informação: 1) levantamento bibliográfico de natureza descritiva e exploratória; 2) coleta de dados: Base de Dados Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI) e na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD) com o descritor “competência crítica em informação”; 3) descrição dos dados: dos artigos coletados (23) e dissertações de mestrado (3).
2) Educação Midiática, Educomunicação e Formação Docente: Parâmetros dos Últimos 20 Anos de Pesquisas nas Bases Scielo e Scopus.
CORTES, T. P. B. B.; MARTINS, A. de O.; SOUZA, C. H. M. de. Educação Midiática, Educomunicação e Formação Docente: Parâmetros dos Últimos 20 Anos de Pesquisas nas Bases Scielo e Scopus. Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 34, p. 1-39, 2018. Acesso em: 21 ago. 2025.
O trabalho tem como objetivo investigar as pesquisas que exploram a relação entre Educomunicação e Formação docente, Educação midiática e Formação docente, nacional e internacionalmente. As buscas foram realizadas nas bases SciELO e Scopus, do período de 1997 a 2017, tendo as finalidades específicas de mapear os dados
Referências
FERREIRA, N. S. de A. As pesquisas denominadas “estado da arte”. Educação & Sociedade, ano XXIII, n. 79, p. 257-272, ago. 2002. Acesso em: 21 ago. 2025.
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